As áreas de pastagem se configuram na maior cultura agrícola do Brasil e apesar de sua notável importância, 80% das pastagens nos sistemas pecuários cultivadas se encontram em áreas com solos degradados ou possuem algum estado de degradação (Barcellos e Vilela, 2001) também explica-se que grande parte das pastagens brasileiras estão distribuídas em áreas marginais onde o solo é menos fértil.
O manejo inadequado das pastagens está ligado basicamente a negligência das condições básicas para um desenvolvimento sustentável do sistema de produção pecuário, e está relacionado com a adequação entre o suprimento e a demanda de alimentos, o que pode ter como consequência de ocupação excessiva de áreas de pastagens e estabelecendo o super pastejo.
Apesar da flexibilidade às metas de manejo do pasto e a tolerância a períodos de estresse climático de sistemas de produção animal em pastagens possuem, quando sofrem desajustes intensos ou períodos muito prolongados entre suprimento e demanda podem desequilibrar a capacidade produtiva da forrageira e assim, influenciando nos índices do sistema de produção.
Afinal, o que é pastagem degradada?
“A pastagem degradada é uma área com acentuada diminuição da produtividade agrícola ideal (diminuição da capacidade de suporte), podendo ou não ter perdido a capacidade de manter produtividade biológica (acumular biomassa)” Segundo, Dias Filho (2007).

Pastagem Degradada
Figura 1. Adaptado de Dias Filho (2007): Representação simplificada do conceito de pastagem degradada.
Processos de degradação
Diferentes processos podem levar à degradação do pasto, sendo eles:
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Processo de degradação agrícola:
Área cujo solo apresenta bom potencial produtivo e onde há uma forte pressão pela regeneração da vegetação existente na área antes da implantação do pasto (ex: pastagens mal-formadas).
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Processo de degradação biológica:
Ocorre onde solo apresenta algum problema de ordem física, química ou biológica que restringe o desenvolvimento da planta forrageira.
O que fazer: Recuperar, renovar ou reformar?
A escolha entre reformar, renovar ou recuperar o pasto ainda levanta muitas dúvidas. Dentre os fatores que devem ser considerados no processo de tomada de decisão estão o custo de cada uma das alternativas e o tempo que levará para que o pecuarista volte a ter um pasto produtivo.
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Recuperação:
Consiste na aplicação de práticas culturais visando o restabelecimento da cobertura do solo e do vigor das plantas forrageiras existentes na pastagem e mantém a espécie forrageira.
- Método direto: Consiste em trabalhar somente seu pasto já implantado.
- Método indireto: Consiste na utilização de culturas anuais ou lavoura. Melhorando o solo e obtendo sucesso econômico com a rentabilidade das culturas/lavouras ali também estabelecidas.
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Renovação:
Considerada como o restabelecimento de plantas forrageiras em uma área onde não é possível práticas a recuperação da vegetação existente. Área degradada é utilizada para formação de uma nova pastagem então, há troca da espécie forrageira.
- Renovação direta: Tratamento químico e mecânico, pois entende-se que não há mais solução para essa área.
-Renovação indireto: Pode-se utilizar os sistemas integrados, com culturas anuais ou lavoura.
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Reformar:
São correções ou reparos após o estabelecimento da pastagem.
“Mesmo em estádios avançados de degradação, a recuperação será sempre mais desejável que a renovação pois é melhor recuperar nos estágios iniciais de degradação, fase em que o processo é mais fácil, envolverá menores custos, tempo e riscos. Ou seja, quanto antes a recuperação for feita, melhor.”
O diagnóstico do nível de degradação da pastagem é fundamental para saber qual caminho seguir, deve-se levar em consideração uma avaliação da participação da forrageira, cobertura do solo, quantidade de forragem, nível da erosão do solo e a porcentagem da diferenciação do que é forrageira e o que é planta invasora da área.
O pecuarista recuperando a pastagem antes da sua degradação total pode driblar os altos custos da operação de renovação e a necessidade de esvaziar totalmente as pastagens, já que a renovação implica fechamento total da antiga pastagem por mais tempo, o que consequentemente acarretará perda de receitas que poderiam vir do manejo dos animais que ali estariam mesmo que em menor número.
Por isso, é importante um diagnóstico técnico correto dentro da propriedade para saber qual o melhor caminho tomar, evitando o erro e resolvendo esse problema que assombra a muitos da melhor maneira possível.
Referências
BARCELLOS, A. de O.; VILELA, L. Restabelecimento da capacidade produtiva de pastagens por meio da introdução de Stylosantes guianensis cv. Mineirão. Comunicado técnico 65, Embrapa: Planaltina, 2001. 4p.
DIAS FILHO, M.B. Degradação de pastagens: processo, causas e estratégias de recuperação. 3ed. 190p. 2007.
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