Um sistema de produção animal eficiente necessita oferta de alimento de qualidade ao longo do ano, com o objetivo de sustentar os níveis de produtividade constante. A conservação de forragens na forma de silagem é a prática mais difundida de conservação de alimento para suplementação volumosa de ruminantes, permitindo um estoque de alimento de qualidade por longos períodos.
O êxito da ensilagem é concebido quando o processo possibilita o desenvolvimento de bactérias anaeróbias que fermentam carboidratos em ácidos, sendo que a fermentação adequada depende de alguns fatores importantes, tais como: umidade correta no material, picagem, pH, anaerobiose, disponibilidade de açúcar e presença de microrganismos desejáveis. Na carência de alguns fatores o desenvolvimento de organismos como alguns fungos (leveduras e fungos) e bactérias (clostrídeos, listérias, enterobactérias) poderá suceder, resultando na diminuição do valor nutritivo da silagem, bem como na produção de compostos potencialmente tóxicos para os animais denominados micotoxinas.
Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos com diferentes níveis de toxicidade em várias espécies animais, incluindo a espécie humana e a incidência destes metabólitos nos organismos animais pode causar problemas de saúde e consequentemente perdas econômicas em sistemas de produção animal.
Segundo estudos, os efeitos das micotoxinas no organismo animal são diversos, sendo dependentes do tipo de micotoxina, taxa e comprimento do efeito, espécie, idade, sexo e saúde do animal. Podendo até mesmo ocorrer depressão do sistema imunitário, reações alérgicas, desequilíbrios reprodutivos, problemas no sistema nervoso e respiratório, redução da conversão e utilização dos alimentos.
“As micotoxinas podem gerar danos às membranas mucosas, e assim, reduzir a absorção de nutrientes, como também, diminuir a atividade do fígado, rins, órgãos reprodutivos e sistema imunitário.” (Nedelník & Moravcová, 2006)
As circunstâncias relacionadas ao processo de conservação de forragens (anaerobiose e baixo pH) são desfavoráveis para o desenvolvimento da grande maioria dos fungos, porém, caso o silo seja suscetível a entrada de ar através de perfurações na lona ou no instante da abertura do silo, o desenvolvimento destes microrganismos se torna possível, particularmente nos locais que estão mais em contato com o ar (Cavallarim et al., 2004) e segundo pesquisadores, a deterioração de silagens por fungos filamentosos envolvem perdas de nutrientes e energia e riscos por contaminação por micotoxinas (Wilkinson, 1999).
O crescimento de microrganismos no painel do silo na fase de pós-abertura gera produção de calor, que é associada com a degradação da silagem (Kung Jr et al., 2000) e o número conhecido de micotoxinas que causam riscos à saúde animal é limitado, segundo Morgavi & Riley (2007) e dentre as espécies de fungos encontrados, as toxicogênicas encontradas no milho antes da ensilagem e passíveis de produzirem micotoxinas são: Aspergillus flavus, Fusarium verticillioides e Fusarium proliferatum.
Porém, a produção de suas micotoxinas são dependentes da interação de vários fatores de estresse ambiental. Outras espécies, como Aspergillus fumigatus, Byssochlamys nívea, Monascus spp., Penicillium roqueforti e Trichoderma spp. são adaptadas as condições de ensilagem e geralmente são identificadas em alimentos conservados. Dessa forma, a contaminação por fungos pode estar presente antes ou após o processo de ensilagem. (Garon et al.,2006)
“A produção de micotoxinas é dependente da espécie fúngica e ocorre sob certas condições, que incluem a presença de esporos do fungo, substrato orgânico e níveis adequados de umidade, oxigênio, temperatura e acidez” (Moss, 1991; Whitlow et al., 1999)
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O processo tem como princípio privar microrganismos do oxigênio com o objetivo de estimular o metabolismo dos microrganismos anaeróbios.
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A mudança na população microbiana dá origem ao processo fermentativo que resulta na produção de ácidos orgânicos, principalmente os ácidos lático, acético e propiônico, os quais possuem propriedades antimicrobianas. Enquanto a anaerobiose e a concentração dos ácidos forem mantidas o material permanecerá com seu valor nutritivo conservado.
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O processo pode ser considerado ótimo quando a composição química da silagem se assemelha ao material que a originou. Para tanto, alguns fatores são determinantes para alcançar esse resultado tais como: quantidade de substrato fermentescível na forragem, cuidados na confecção da silagem e manejo pós abertura do silo.
Dentre as micotoxinas, a Zearalenona (ZEA) é um metabólito secundário produzida por diversas espécies do gênero Fusarium (Cladwell et al., 1970) e sua concentração nos alimentos pode variar a poucos microrganismos sendo que os ruminantes são menos sensíveis à exposição por ZEA quando comparados aos monogástricos, devido ao ambiente ruminal destes reduzirem a quantidade desta toxina (Diekman & Green, 1992).
As aflatoxinas são as micotoxinas que mais causam preocupação, pois expressam propriedades carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas, causando grandes danos à saúde humana e elevados prejuízos econômicos no desempenho de animais domésticos, como os ruminantes (Lazzari, 1997) e são produzidas principalmente pelas espécies Aspergillus flavus e A. parasiticus, presentes em vegetais como o amendoim, o milho e o caroço de algodão.
A aflatoxina B1 (AFB1) é considerada uma das mais tóxicas produzidas por estas espécies. No fígado a AFB1 é biotransformada à aflatoxina M1 (AFM1), a qual é excretada no leite de animais em lactação (Battacone et al., 2005).
Entendemos que o crescimento de fungos pode vir acompanhado pela produção de micotoxinas na massa, portanto, animais que são alimentados com grandes proporções de silagem na ração, principalmente as leiteiras, podem intoxicar-se causando efeitos diretos ao seu desempenho e colocando em risco a saúde humana que utiliza alimentos de origem animal ao longo da cadeia alimentar (Whitlow & Hagler Jr., 1997).
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As micotoxinas surgem de diferentes formas em cada região do mundo, de acordo com o clima unido as práticas agrícolas e além das Aflatoxinas e Zearalenona, também são encontradas Ocratoxinas, Fumonisinas e Tricotecenos (DON, T2, H-T2, etc.), estas são as principais famílias que resultam em vários problemas zootécnicos.
À vista disso, levantar todas as estratégias para reduzir o ingresso de O2 no silo, esquivando-se de seus efeitos prejudiciais de gênero nutricional como sanitário no decorrer do armazenamento ou no consumo da silagem.
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