Nelore Myo, o que esperar dessa nova raça desenvolvida por cientistas brasileiros?

18Set / 2017

Nelore Myo, o que esperar dessa nova raça desenvolvida por cientistas brasileiros?

Após 12 anos de estudos, pesquisadores desenvolveram uma raça capaz de produzir até 3 arrobas a mais, comparada as demais raças, e isso se deve ao melhor rendimento de carcaça, chegando à 60%. O estudo foi desenvolvido em conjunto por pesquisadores da FMVA UNESP Araçatuba, médico veterinário Rodrigo Alonso, UFRJ, professor Amílcar Tanuri, e Departamento de Reprodução Animal da USP.

Fonte: O Globo, adaptada

Amílcar Tanuri, professor da UFRJ relata que através desse cruzamento de animais da raça Belgian Blue e Nelore (ilustração acima), eles conseguiram chegar a um animal com maior rendimento de carcaça, e com maior maciez na carne. O professor também relata que este pode ser um meio mais sustentável de produzir carne, já que se consegue colocar mais carne por animal em uma menor área, ou seja, a produção aumentaria sem precisar aumentar áreas de pastagem.

A complementariedade entre as raças é que faz o produto final ser interessante para o Brasil, já que traz a musculosidade do Belgian Blue, raça que tem como característica a mutação no gene da miostatina, fazendo com que não ocorra a inibição do crescimento muscular, e o já o conhecido Nelore, o qual traz a adaptabilidade, rusticidade e habilidade materna, o que suporta produzir carne em climas tropicais como o Brasil.

O que podemos esperar é uma crescente procura por animais fruto desse cruzamento, pois a proposta em que os pesquisadores sustentam está fundamentada em pesquisas com formato científico com aplicação prática viável. O que temos ainda que nos atentar é com relação ao acabamento de carcaça, já que animais da raça Belgian Blue são tardios e precisam de um pouco mais de tempo para começarem a depositar gordura, além de apresentar alta incidência de partos distócicos. Entretanto o médico veterinário Rodrigo Alonso relata que já foi feito um abate  técnico de 4 machos heterozigotos, inteiros, cria e recria em pasto, com 104 dias de confinamento, abatidos com 25-29 meses de idade, com peso vivo de 19,3@ e com 58,9% de rendimento de carcaça e nenhum animal foi penalizado por falta de acabamento. Sobre a preocupação com a incidência de partos com distocia, Alonso tranquiliza ao mencionar que os pesquisadores estão avaliando a fertilidade, facilidade de parto e peso ao nascimento dos bezerros Nelore Myo à mais de 4 gerações. Os animais heterozigotos, que vão ser produzidos à campo, nascem com média de 37kg, 5kg acima do Nelore padrão, e até o momento não houve relatos de problemas no momento do parto. Alonso ainda complementa que os pesquisadores já estão com  um rebanho de cerca de 500 animais Myo Nelore de diferentes idades e graus de pureza de Nelore, todos com mutação, sendo que 50 bezerros da 5º geração são 100% Nelore com mutação, e ainda contam com 20 mil doses de sêmen disponíveis para produtores interessados no projeto Nelore Myo. Desta forma, logo teremos a confirmação prática comercial se esta nova raça será economicamente viável para os produtores.

Leandro Dias Pinto

Graduando em Zootecnia

FCAT – UNESP Dracena

Fontes: Adaptadas de http://www.beefpoint.com.br/cientistas-brasileiros-desenvolvem-rebanho-musculoso-com-10-a-mais-de-carne/ e https://oglobo.globo.com/sociedade/cientistas-brasileiros-desenvolvem-rebanho-musculoso-com-10-mais-de-carne-21579048

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