QUARTA TÉCNICA
Pré-Dipping com Iodo? É melhor evitar!
Dentro do contexto de produção leiteira atual, sabemos que a mastite tem sido uma das principais fontes de prejuízos, impactando diretamente na perda da qualidade do leite e consequentemente um desequilíbrio no custo de produção. Esses prejuízos têm início já no setor primário de produção e abrangem até mesmo as indústrias de laticínio, afinal, um leite com baixa qualidade resulta em um baixo rendimento na fabricação de lácteos e seus derivados, reduz vida de prateleira e consequentemente altera as características iniciais do leite e seus derivados.
Por isso, na bovinocultura leiteira, um manejo sanitário adequado é fundamental pois mais que assegurar-se de um produto de qualidade é também um método de prevenção de doenças, como a mastite, levando em consideração que o protocolo sanitário deve ser minucioso principalmente no momento da ordenha.
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A mastite e o pré ordenha (Pré-Dipping) e após ordenha (Pós-dipping):
Um método profilático muito usado na ordenha, são os famosos pré e pós dipping. A ideia de prevenção cujo objetivo final é reduzir a prevalência da enfermidade no rebanho, como a doença tem origem microbiana uma das medidas de prevenção é evitar que os microrganismos penetrem no canal do teto e infecte a glândula mamária. Pesquisadores afirmam que o dipping é a forma mais eficaz dentre as medidas de prevenção, sendo capaz de reduzir a microflora de bactéria nos tetos (Staphylococcus aureus), sendo a prática mais de manejo mais adotada em vários países.
A prática do uso de desinfetantes que apresentam ação germicida antes da ordenha (pré dipping) e no após a ordenha (pós dipping) é a prática de manejo mais adotada dentre os pecuaristas. O mercado oferece várias opções ficando a critério do produtor o que se encaixa melhor em seu sistema de produção.
É muito comum no mercado encontrarmos pré-dipping com os seguintes princípios ativos:
- Iodo, ácido lático, peróxido de hidrogênio, cloro (clorexidina e hipoclorito), compostos fenólicos e ácido dodecil benzeno sulfônico (ADBS);
E o processo de desinfecção acontece basicamente assim:
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Soluções iodadas e a contaminação:
Atualmente, o Iodo é o princípio ativo mais utilizado dentre todos os citados acima pois possui uma grande eficiência quando falamos sobre matar e inativar bactérias, vírus e cistos de protozoários. O uso de soluções iodadas é mais recomendado na realização de pós-dipping, porém na prática, o que se vê em muitos casos é a sua utilização também para execução de pré-dipping. Esta prática tem sido apontada como um fator de aumento na concentração de iodo no leite por contaminação direta e também por absorção pelo epitélio dos tetos.
Segundo pesquisadores, existe uma influência dos efeitos da desinfecção dos tetos com soluções contendo diferentes concentrações de iodo sobre a concentração de iodo no leite em qual existe um aumento considerável da concentração do mineral no leite.
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Qual o grande problema da alta concentração de iodo no leite?
O consumo de leite com maior concentração de iodo pode desencadear efeitos adversos no organismo humano devido seu papel na atividade celular, no desenvolvimento do cérebro e da glândula tireoide, desta forma, é de grande importância que o leite tenha sua concentração de iodo controlada de forma a proporcionar ingestões adequadas.
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Fatos técnicos sobre a concentração de Iodo no leite:
O iodo contido no leite de vaca advém principalmente da dieta fornecida ao animal, estima-se que entre 80 e 90% do iodo ingerido pelas vacas é absorvido e a maioria do iodo que não é captado pela glândula tireoide é excretada via urina é secretado juntamente com o leite e também que a transferência de iodo da dieta para o leite é na ordem de 7 a 27%, dependendo da quantidade de alimento consumida pelo animal.
Resultados de pesquisa comprovaram que a forma de aplicação da solução iodada (dip x spray) aumentou a concentração de iodo no leite de 295 para 655 µg/kg, respectivamente e quantidade de iodo ingerida de 0,3 à 0,9 mg/kg na matéria seca aumentou de 301 a 482 µg/kg a concentração de iodo no leite.
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Solução iodada no pré ordenha? É melhor evitar!
Para reduzir o risco de contaminação do leite, é interessante evitar o uso das soluções contendo iodo como princípio ativo no pré-dipping, tendo em vista que não é sempre que a concentração de iodo da solução é conhecida, além de seguir as recomendações nutricionais, usando os níveis adequados de iodo na dieta das vacas em lactação. Por isso, a concentração de Iodo contida no pré dipping utilizado deve ser declarada e o produto devidamente registrado no MAPA e os pecuaristas devem atentar-se a esse fator, lembrando que tudo dentro de um contexto equilibrado e correto tende a fluir sem prejuízos.

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