30Set / 2019
O confinamento de gado é uma técnica de criação e engorda de bovinos que consiste em alojar os animais em um espaço delimitado.
Assim, fornecendo-lhes uma dieta balanceada e água à vontade, com o objetivo de obter animais com melhores condições produtivas para o abate.
Essa técnica apresenta diversas vantagens, como o aumento da eficiência produtiva, a redução de custos, a diversidade de cultivo e o menor risco para a saúde dos animais.
No entanto, também envolve alguns desafios, como o manejo adequado da alimentação, do bem-estar, da sanidade e do ambiente dos animais confinados.
Neste texto, vamos abordar os principais aspectos do confinamento de gado, suas vantagens, manejo e benefícios para a produção. Acompanhe!
Leia também: O que é zootecnia: o que é, características e área de atuação!
O que é confinamento?
O primeiro confinamento de gado de corte de todo o país, foi construído pelo pecuarista Jacintho Ferreira e Sá, em propriedade formada em 1908 pelo seu pai.
Em 1961, Jacintho montou a estrutura para engorda de gado na seca na Fazenda Chumbeada, em Ourinhos, interior paulista, e na época terminava cerca de três mil animais no ano neste sistema intensivo.
Como técnica de criação e engorda de bovinos, o confinamento contempla o manejo e alimentação de animais por meio de cochos com dieta balanceada e água, com o objetivo de obter animais com melhores condições produtivas para o abate.
Sua principal premissa está no fornecimento de recursos nutricionais completos para o desenvolvimento do animal, combinado ao fornecimento das condições ideais de engorda, evitando assim que a perda de peso e desgaste muscular sejam os menores possíveis.
A técnica é uma opção indicada tanto para criadores envolvidos em todas as etapas da produção, desde o nascimento até o abate, como apenas para a fase final da engorda, nesse caso com o objetivo de otimização do acabamento de carcaça.
Além disso, bezerros desmamados, vacas, novilhos em recria e garrotes também podem ser confinados.
Quais os objetivos do confinamento na produção pecuária?
Mas afinal, quais são os objetivos do confinamento na produção pecuária? Existem inúmeros motivos para utilizar essa técnica com o rebanho. Algumas delas são:
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Acelerar o crescimento e a engorda dos animais, reduzindo o ciclo de produção e o tempo de abate;
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Aproveitar melhor os recursos forrageiros, especialmente nos períodos de seca ou escassez de pastagens;
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Melhorar a qualidade e o acabamento da carcaça dos animais, atendendo às exigências do mercado consumidor;
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Diminuir a emissão de gases de efeito estufa por quilo de carne produzida, contribuindo para a sustentabilidade ambiental;
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Facilitar o manejo sanitário, reprodutivo e nutricional dos animais, garantindo a sua saúde e bem-estar.
O confinamento é um processo muito delicado, principalmente para o animal. Por isso, é CRUCIAL que você respeite as normas de bem-estar animal e de biossegurança.
O processo em si já é bem estressante para o animal, por isso tente ao máximo evitar estresse no ambiente, doenças e impactos negativos no meio ambiente.
Vantagens do confinamento
A técnica de confinamento apresenta muitas vantagens, e aqui vamos destacar 3 delas:
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Aumento da eficiência produtiva do rebanho: os animais têm uma capacidade de engorda maior e mais rápida se comparados aos criados soltos, cuja alimentação depende majoritariamente do pasto.
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Redução de custos: Com o sistema de confinamento, a idade de término do gado é reduzida, e assim também os custos referentes ao tempo de manutenção do animal.
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Diversidade de cultivo: Graças à utilização de um espaço delimitado dentro da propriedade rural, o confinamento permite que os demais espaços da propriedade sejam utilizados para cultivos diversos – inclusive para as culturas necessárias à produção de ração e volumosos fornecidos aos animais confinados.
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Manejo sanitário: O confinamento facilita o controle de doenças e parasitas, pois os animais ficam em ambientes limpos e protegidos, recebem vacinas e vermífugos regularmente, e têm menor contato com agentes infecciosos.
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Uso eficiente de espaço: Além disso, o confinamento permite a criação de um maior número de animais em uma menor área, otimizando o uso da terra e reduzindo os custos de transporte e infraestrutura.
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Redução da pressão sobre pastagens: Essa estratégia também diminui a dependência dos animais em relação às pastagens, que podem ser escassas, degradadas ou de baixa qualidade.
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Possibilidade de produção durante todo o ano: Por fim, o confinamento permite que os animais tenham uma alimentação adequada e constante, independente das variações climáticas ou sazonais.
Essas são algumas das principais vantagens de fazer o confinamento na criação de gados. Lembre-se de sempre priorizar o bem-estar do animal para que o processo seja tranquilo.
Tipos de confinamento para bovinos de corte
Existem diferentes opções de confinamento para cada tipo de atividade pecuária. No caso do gado de corte, o confinamento pode ser classificado em três modalidades:
Confinamento a céu aberto
São construídos curraletes para confinar, com 8 a 20 m² por bovino. Cada curralete é provido de comedouro para volumoso (forragens), cocho e bebedouro. Os cochos devem ser alocados ao longo das cercas.
Boa parte dos confinamentos brasileiros não possuem cochos cobertos devido ao elevado custo. Na frente dos cochos deve haver uma área pavimentada, impedindo que os animais atolem no acúmulo de lama no período das águas.
Existe divisórias entre os curraletes, que podem ser de madeira. Deve-se fazer pontos de sombreamento para o gado, utilizando-se de árvores, por exemplo.
Confinamento parcialmente coberto
Apresenta características parecidas com o tipo curral a céu aberto. Porém, tem uma área coberta para os animais, sendo que esta área pode ser junto aos cochos.
Galpão fechado
Esta instalação, como o nome revela, é um galpão fechado com área de 3 a 5 m² por animal. Também possui as linhas de cocho e bebedouro.
Apesar de ser um sistema que possibilita melhor controle de doenças e do ambiente em si (umidade, temperatura, etc.), não é largamente utilizado no Brasil por ter elevado custo e necessitar de muitos equipamentos e mão-de-obra qualificada. É mais utilizado em países de clima temperado, onde é possível ter um maior controle do ambiente.
Importante: pontos de atenção sobre o confinamento
O confinamento de bovinos tem ganhado cada vez mais adeptos na pecuária nacional, no entanto, a decisão de se investir ou não na técnica depende de algumas condições que devem ser analisadas com bastante cautela por você, produtor, a fim de garantir que o retorno venha conforme planejado.
Outro ponto importante é em relação à disponibilidade de animais. Assegure-se de que conseguirá manter uma fonte segura e contínua de alimentos e que também apresente um bom custo-benefício.
Nesse sentido, o mais indicado é que seja feito um estudo de mercado a fim de garantir que os preços pagos pela arroba cubram todos os custos que envolvem o confinamento.
Por fim, mas não menos importante, é indispensável que seja feito um acompanhamento diário e gestão das informações coletadas.
O acompanhamento é essencial para que todas as necessidades dos animais sejam atendidas: tipos de ração, medidas sanitárias, vacinas e até mesmo acompanhamento veterinário e se o ganho de peso está saindo como o esperado.
Para isso, um ótimo aliado na gestão do rebanho é o sistema de pesagem inteligente desenvolvido pela Coimma em parceria com a Embrapa Gado de Corte e a UFMS.
Por meio da BalPass o gado é pesado automaticamente várias vezes ao dia, permitindo identificar, em tempo real, os animais que estão acima e abaixo da performance ideal, pelo smartphone ou computador.
A ferramenta, composta por muito mais que uma balança eletrônica, envia as informações coletadas do rebanho para a nuvem, permitindo que o dono tenha acesso em qualquer lugar e possibilitando as tomadas de decisões sem que o animal passe pelo estresse de ser levado até o curral.
Assim, é possível ter o controle rigoroso da performance e da saúde do gado, da operação, da fazenda e ainda eliminar desperdícios de recursos naturais e comida dos animais, por exemplo.
Leia também: Cocho para gado: o que é, para que serve e como escolher o ideal
Perguntas frequentes sobre confinamento de gado
Sabemos que o confinamento de gado é um processo um pouco complexo e pode gerar algumas dúvidas. Mas não se preocupe! Vamos saná-las para você.
O que é preciso para fazer um confinamento de gado?
Para definir um confinamento de gado, é preciso planejar e executar alguns passos importantes, como:
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Definir os lotes de animais que serão confinados, respeitando a origem, a categoria e o número de cabeças;
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Escolher um local adequado para o confinamento, que tenha fácil acesso à água, à energia elétrica e aos insumos;
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Construir ou adaptar a estrutura do confinamento, que deve ter cochos, bebedouros, sombreamento, piso, cercado e área de manejo;
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Formular ou adquirir uma dieta balanceada para os animais, que atenda às suas exigências nutricionais e aos objetivos de produção;
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Fazer a adaptação dos animais à dieta e ao ambiente do confinamento, de forma gradual e monitorada;
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Fornecer a dieta e a água aos animais diariamente, em horários regulares e quantidades suficientes;
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Realizar o manejo sanitário, reprodutivo e zootécnico dos animais, seguindo as recomendações técnicas e as normas de bem-estar animal;
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Avaliar o desempenho e a rentabilidade do confinamento, por meio de indicadores produtivos e econômicos.
O confinamento de gado é uma técnica que requer cuidado e atenção, mas que pode trazer muitos benefícios para a produção pecuária, como acelerar o ciclo de produção, melhorar a qualidade da carne, aproveitar melhor os recursos forrageiros e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Quanto custa para fazer e manter um confinamento de gado?
O custo para fazer e manter um confinamento de gado depende de diversos fatores, como o número de animais, a localização, a estrutura, a alimentação, o manejo e o mercado.
De acordo com alguns estudos, o custo operacional efetivo (COE) de um boi confinado no Brasil pode ser dividido da seguinte maneira:
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Custo de aquisição do animal: representa de 63% a 81% do COE, variando conforme a raça, o sexo, a origem e a época do ano;
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Custo da diária: representa de 15% a 25% do COE, incluindo os gastos com a ração, a água, a mão de obra e a assistência técnica;
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Custo fixo: representa de 4% a 10% do COE, abrangendo os custos com a depreciação, a manutenção, os impostos e as taxas.
Para calcular o custo de um boi em confinamento, é preciso considerar o peso de entrada, o peso de saída, o ganho de peso diário, o consumo de matéria seca, a conversão alimentar, o preço da arroba e a margem de lucro desejada. Por exemplo:
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Peso de entrada: 400 kg
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Peso de saída: 550 kg
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Ganho de peso diário: 1,5 kg
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Consumo de matéria seca: 2,5% do peso vivo
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Conversão alimentar: 6,5
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Preço da arroba: R$ 300,00
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Margem de lucro: 10%
Com base nesses dados, o cálculo seria: Custo de aquisição do animal: R$ 300,00 x 26,67 @ = R$ 8.001,00 Custo da diária: R$ 7,00 x 100 dias = R$ 700,00 Custo fixo: R$ 1,00 x 100 dias = R$ 100,00 Custo total: R$ 8.801,00 Receita bruta: R$ 300,00 x 36,67 @ = R$ 11.001,00 Receita líquida: R$ 11.001,00 - R$ 8.801,00 = R$ 2.200,00 Margem de lucro: R$ 2.200,00 / R$ 8.801,00 x 100 = 25%
Podemos concluir que o custo de um boi em confinamento foi de R$ 8.801,00 e a margem de lucro foi de 25%, superior à margem desejada de 10%.
Quanto tempo leva para engordar um boi no confinamento?
O tempo de engorda de um boi no confinamento depende de alguns fatores, como a genética, o sexo, o peso, a dieta e o manejo.
No entanto, em geral, o tempo de engorda varia de 90 a 120 dias, podendo alcançar um ganho médio diário de 1,5 a 2 kg.
Porém, esse tempo pode ser reduzido ou aumentado conforme as condições de cada confinamento conforme as condições de cada confinamento e as exigências do mercado.
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Conclusão
O confinamento de gado é uma técnica que visa aumentar a produção e a qualidade da carne ou do leite, por meio de uma alimentação balanceada e controlada.
Na criação de gado, o confinamento pode oferecer algumas vantagens, como acelerar o crescimento e a engorda dos animais.
No entanto, o confinamento de gado envolve custos elevados e riscos de perdas produtivas ou econômicas, além de exigir um cuidado especial com o bem-estar animal.
Por isso, o confinamento requer um planejamento cuidadoso e uma gestão eficiente, respeitando as recomendações técnicas e as normas de biossegurança.
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