OPERAÇÃO CARNE FRACA

29Mar / 2017

OPERAÇÃO CARNE FRACA

É de conhecimento geral que a agropecuária é um dos setores que mais tem força no Brasil, e entre os vários ramos inseridos nele, a bovinocultura de corte ganha destaque especial, sendo mundialmente reconhecido. Os números não mentem, segundo o ANUALPEC (2015) o rebanho bovino brasileiro possui em torno de 198 milhões de cabeças, sendo o país o maior produtor comercial de carne bovina no mundo e o terceiro maior exportador.

Porém, neste ano de 2017 o setor está passando por dificuldades. Isto se deve ao fato de em 17 de março a Polícia Federal ter deflagrado a Operação “Carne Fraca”. Desde então, muito se tem comentado sobre a operação, fatos que assustaram não somente o consumidor interno, mas também o externo, gerando grande impacto no segundo caso. Mas você sabe do que se trata a operação? E o porquê de ter ganhado tamanha magnitude? Hoje iremos abordar alguns dos principais pontos da operação. 

O que é a Operação “Carne Fraca”?

Trata-se de uma operação que investiga fiscais do Ministério da Agricultura (MAPA) em um esquema de liberação irregular de licenças para frigoríficos. Ao todo, estão envolvidos 21 frigoríficos, entre estas unidades de empresas muito conhecidas no país, tais como, a BRF e JBS, donas de marcas famosas, como a Sadia, Perdigão, Seara, Friboi, entre outras.

O impacto maior se deve ao fato do envolvimento de empresas que possuem grande reconhecimento nacional e internacional, pois se observarmos a fundo, a porcentagem de unidades irregulares é muito pequena quando comparada a quantidade de frigoríficos no Brasil que possui 4.837 unidades, segundo o MAPA, ou seja, 99,5% das plantas estão dentro dos padrões de segurança.

Maior operação já realizada na história da instituição

A operação leva este título, pois está há 2 anos em andamento e envolve 1.100 policiais federais, com 309 mandados judiciais, onde 33 funcionários do MAPA estão sendo investigados. Ou seja, a operação possui um grande número de pessoas envolvidas, sendo desta forma intitulada como a MAIOR.

Em relação aos funcionários investigados, no último domingo (26), os três últimos que estavam em prisão temporária, foram liberados pela polícia federal. A porcentagem de investigados também é pequena, pois eles são no total 11.000 mil, onde apenas 33 estão sobre investigação.

Quais os impactos que esta operação está acarretando e como fica o cenário econômico do país?

Os impactos foram de imediato, as exportações de carne brasileira foram bloqueadas pelos seus principais importadores, tais como, China, Hong Kong, estes barrando a entrada dos produtos em seus portos, Europa, com exceção a Noruega, Estados Unidos, Chile, entre muitos outros.

Em nota, o ministro da agricultura, Blairo Maggi, disse: “Os prejuízos que teremos vão ser muito grandes”, referindo-se ao que ele estimou que o prejuízo no país poderá chegar à US$1,5 bilhão por ano em decorrência da operação. Mas ele afirma: “Quero defender o sistema brasileiro de controle, o sistema que atesta esses produtos. Não tenho dúvida nenhuma em afirmar que esse problema que aconteceu é localizado, pontual, um problema de desvio de conduta dos servidores”.

Em primeiro momento o baque foi enorme, na segunda-feira (21), as ações das empresas JBS e BRF caíram, o que fez com a que Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), tivesse fechamento negativo, em -2,93%.

O país tenta reverter a situação, com o fechamento das exportações com o Chile, foi rebatido que o Brasil também fecharia suas portas, não importando mais produtos chilenos.  O ministro tem viajado na última semana, para a grande maioria dos países importadores, para explicar e tentar reverter a situação. O próprio Presidente da República, Michel Temer, entrou em contato com o Presidente da China, na última sexta-feira (24).

E neste domingo (26), tivemos boas notícias em meio ao caos das últimas semanas. China, Chile e Egito retomaram as importações, porém manteve-se a restrição de carnes dos 21 frigoríficos que ainda estão sendo investigados. Ontem (28), Hong Kong também reabriu seu mercado a carne brasileira.

Apesar do cenário não ser propício, é preciso esperar que todos os fatos sejam apurados e a polícia federal junto ao Ministério e aos frigoríficos, esclareçam o caso. E assim, aos poucos o Brasil irá retomar sua credibilidade e confiança de seus consumidores externos e internos.

Alice Helena Peres

Graduando em Zootecnia

UNESP – FCAT

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